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quinta-feira, 19 de abril de 2012

19 DE ABRIL - DIA DO ÍNDIO


Comemoramos todos os anos, no dia 19 de Abril, o Dia do Índio. Esta data comemorativa foi criada em 1943 pelo presidente Getúlio Vargas, através do decreto lei número 5.540. Mas porque foi escolhido o 19 de abril?

Origem da data

Para entendermos a data, devemos voltar para 1940. Neste ano, foi realizado no México, o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano. Além de contar com a participação de diversas autoridades governamentais dos países da América, vários líderes indígenas deste contimente foram convidados para participarem das reuniões e decisões. Porém, os índios não compareceram nos primeiros dias do evento, pois estavam preocupados e temerosos. Este comportamento era compreensível, pois os índios há séculos estavam sendo perseguidos, agredidos e dizimados pelos “homens brancos”.

No entanto, após algumas reuniões e reflexões, diversos líderes indígenas resolveram participar, após entenderem a importância daquele momento histórico. Esta participação ocorreu no dia 19 de abril, que depois foi escolhido, no continente americano, como o Dia do Índio.

FONTE: INTERNET

RN tem mais índios do que se pensa

Cinco comunidades estão se auto-reconhecendo indígenas, um avanço, na opinião do membro e assessor jurídico da ONG Paraopaba, Luciano Falcão.

Muitos não lembram, mas nesta segunda-feira (19) é comemorado o Dia do Índio. A data pode estar sendo esquecida, mas ainda há o que festejar. No Rio Grande do Norte, cinco comunidades estão se auto-reconhecendo indígenas, um avanço, na opinião do membro e assessor jurídico da ONG Paraopaba, Luciano Falcão.

As comunidades de Sagi, em Baía Formosa; Catu, em Goianinha e Canguaretama; Mendonças do Amarelão, na cidade de João Câmara, e as comunidades Banguê e Caboclos, em Assu, não reúnem todos os índios do Estado, mas essa afirmação de identidade é “o ponta-pé inicial para defesa dos seus direitos”.

“Essas comunidades vivem problemas parecidos, como educação precária e ausência de demarcação de terras, de atendimento médico e transporte público. Para chegar às comunidades de Assu, é preciso percorrer 20 quilômetros e atravessar a lagoa Piató de barco, por exemplo”, disse o advogado, que trabalha com essa etnia desde 2007, quando foi realizada a segunda Audiência Pública sobre o tema. A terceira audiência foi em dezembro de 2009, colocando em debate mais uma vez as questões indígenas.

São esses problemas que fazem com que esse povo viva em constante conflito com as demais culturas, de acordo com o professor de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Carlos Guilherme. “As relações são de cooperação ou conflito, mas o conflito predomina, sem dúvida”.

A solução é dada pelo respeito mútuo. “O Estado do RN era um dos únicos a não ter comunidades indígenas reconhecidas, mas eles estão se identificando e demandando direitos específicos, propondo que a população considere que as tradições são singulares”, explica o professor.

Cerca de 10 mil índios são potiguares e alguns deles, segundo conta Luciano Falcão, são integrados ao resto da sociedade.

“Muitos índios brasileiros vivem em capitais. É natural que haja essa integração entre os povos, principalmente com os nordestinos, que foram os primeiros que tiveram contato com os colonizadores”, disse Luciano Falcão. “É possível morar em uma casa sem renegar memórias, costumes, origens”.
FONTE: NO MINUTO

INDÍGENAS POTIGUARAS DO RIO GRANDE DO NORTE

Fonte: DIÁRIO DE NATAL - RN

A partir do século XVI, com a expansão européia e o avanço colonial, ocorreu no Rio Grande do Norte, a exemplo de outras províncias, uma massiva ocupação territorial em busca do desenvolvimento de monoculturas e criação de gado. Imperavam, na oportunidade, os interesses econômicos de forma a expulsar os indígenas de seus territórios tradicionais, não importando a preservação da integridade desses povos, que tinham seu próprio modo de vida, costumes, cultura e tradições. A ação religiosa efetivada pelos padres jesuítas foi um dos fatores responsáveis pela facilitação desse processo de desocupação das terras, chegando a confinar os diferentes grupos indígenas em aldeamentos. A ""fúria"" cristã impunha aos índios uma forma alienígena de pensar e de agir que abominava todos os padrões de cultura ancestral. Uma perseguição ideológica e cultural agia em parceria com o poder político-econômico na desestruturação dos povos indígenas. A Revista Sociologia - Ciência & Vida - Ano I; número 3 (p. 41-9) divulgou matéria intitulada Selva de Pedra. Em seu conteúdo, a autora do texto chama atenção para os estereótipos que impedem percepções de uma dinâmica histórica e cultural dos indígenas brasileiros, que estão cada vez mais inseridos num contexto urbano e tecnológico sem perderem sua identidade. Hoje, convém ressaltar, mais da metade dos índios brasileiros moram nos centros urbanos, conforme a matéria aponta. Nesse sentido, muitas famílias se dispersaram, procurando lugares-refúgio em busca de paz e sobrevivência. Dizer-se ""índio"" soava como uma sentença de morte. Diante desse contexto adverso, a auto-referência ""caboclo"" agia como defesa estratégica, um eufemismo eficiente para o que se concebia no senso comum como ""índio bárbaro"" e ""canibal"". No século XX, segundo dados historiográficos locais, já não havia mais quaisquer ""remanescentes"" indígenas no Estado; estava decretado o fim dos índios potiguares. Mas, a cada dia, esse suposto desaparecimento étnico perde sua força de convencimento. Vale lembrar que a imagem criada pelos estereótipos que consagra o ""índio puro"", o ""índio quinhentista"" é desvinculada da realidade histórica e específica dos diferentes povos indígenas no Brasil. Deve-se dar lugar a uma nova compreensão do ""ser índio"" inserido no contexto histórico e de transformação sócio-cultural constante. Para isso se concretizar, os arquétipos ""fossilizados"" referentes ao indígena devem ser banidos do senso comum e até do próprio meio acadêmico, onde ainda persistem certas opiniões conservadoras. De fato, o que não mudou, o que continua estático é o olhar perverso do outro. O próprio órgão indigenista oficial, a FUNAI, gradativamente toma ciência da realidade indígena no Rio Grande do Norte e no Piauí. No entanto, faltam iniciativas dessa instituição no sentido de respeitar o auto-reconhecimento étnico e o atendimento às demandas diferenciadas das comunidades indígenas potiguares, sobretudo em questões territoriais. No Rio Grande do Norte inúmeras famílias se estabeleceram em ambiente rural, por meio de deslocamento dentro do próprio Estado, e por vezes, migrantes da Paraíba e de Pernambuco. Há famílias que se tornaram meeiras, ou seja, não são donas da terra em que trabalham, dividindo toda a produção com o dono da propriedade. Há ainda aquelas que perderam grande parte de suas terras para usinas e outros empreendimentos regionais. Algumas dessas famílias aderem a movimentos sociais em questões que envolvem conflitos de terras, no entanto seu reconhecimento como identidades diferenciadas dependerá de iniciativas dos próprios atores sociais, cuja prática de liberdade de expressão é algo muito recente em seu cotidiano histórico. É importante observar que esses grupos revelam história oral e memória social que fazem ponte com antecessores indígenas, revelando origens e identidades diferenciadas, apesar dos discursos hegemônicos e oficiais ignorarem as histórias particulares. Assim sendo, ao se falar dos Eleotério do Catu - Canguaretama/RN, dos Mendonça do Amarelão - João Câmara/RN; dos Caboclos de Açu; da Comunidade de Banguê e à de Trapiá, estas últimas também em Açu; da Comunidade de Sagi, cujos antecessores Potiguara vieram da Baía da Traição/PB, deve-se estar atentos à construção de suas identidades específicas e diferenciadas, além de sua conexão com antecessores indígenas, muito embora não apresentem contemporaneamente uma cultura marcadamente diferenciada (e nem poderia dada as adversidades sofridas) que se ajuste idealmente nos arquétipos construídos no senso comum com base no índio quinhentista ou amazônico. Portanto, o atual campo de batalha continua intensamente assentado em território político e ideológico, o que tem resultado em sérios danos à vida dessas famílias no decorrer de séculos de usurpação de seus direitos e da recusa de sua própria existência como grupos diferenciados. Todos esses grupos estão com problemas relacionados à questão territorial, a exemplo da comunidade da praia de Sagi, no litoral de Baía Formosa/RN. A especulação imobiliária estrangeira está ameaçando tomar-lhe as terras para construção de resorts, inclusive desrespeitando a existência do cemitério local, onde jazem seus familiares há quase cem anos. Há indígenas Potiguara na comunidade de Sagi, vindos da Baía da Traição, e que ali se estabeleceram no início do século passado. Outras famílias da comunidade, além de ressaltarem a origem indígena, falam que se estabeleceram no lugar há mais de cem anos, muito antes do povoado começar a se desenvolver na região. Esses são apenas alguns exemplos da realidade peculiar e dos dramas enfrentados no cotidiano das alteridades locais. Por outro lado, sob um ponto de vista mais abrangente, é importante ressaltar que a partir do ano de 2005 as comunidades indígenas do Estado passaram a participar ativamente de encontros, audiências públicas, marcando presença em diversos eventos culturais, além de elaborarem projetos em benefício de suas comunidades. Nessas ocasiões, eles têm demarcado suas peculiaridades históricas e culturais no Estado, mesmo sob resquícios de protestos obsoletos e ignaros. Mais recentemente, uma representação dos Eleotério de Canguaretama/RN e dos Mendonça do Amarelão-João Câmara/RN esteve presente nas discussões da Comissão Nacional dos Povos Indígenas - CNPI, realizadas entre 15 e 17 de outubro de 2008, em Fortaleza. Os debates se desenvolveram com vistas a propor um novo conteúdo para o Estatuto Indígena. Dentre outras ações, a comunidade Mendonça (da etnia Potiguara), de João Câmara/RN, encaminhou projeto ao Ministério da Cultura no início deste ano e foi contemplada com o Prêmio Xicão Xucuru - Prêmio Culturas Indígenas. O referido projeto intitula-se Motyrum-Caaçu: unidos pela arte (o nome está escrito na língua Tupi que em português significa Mutirão no Mato Grande). O projeto realizará oficinas em outras comunidades indígenas, difundindo o ofício do artesanato indígena e, posteriormente, irá constituir o primeiro grupo de artesãos indígenas no Rio Grande do Norte. Foram encaminhadas mais de 500 iniciativas para concorrer a esse prêmio, mas apenas 102 foram contempladas, sendo esta no Rio Grande do Norte. Esse prêmio homenageia, em sua segunda edição (2007/2008), uma importante liderança indígena de Pernambuco - Xicão Xucuru, que lutou pelo retorno à posse e demarcação do território tradicional, bem como pela valorização da identidade Xucuru. Foi morto a tiros por pistoleiros que defendiam os interesses dos fazendeiros locais. Para finalizar sugere-se que, aqueles que não querem enxergar a luz do sol devem despir-se de velhas roupagens, arriscar-se na incessante busca do saber, sem temor, sair da tumba e, à luz do grande astro, clarear as idéias que persistem teimosamente no obscurantismo.

População autodeclarada indígena cresceu 178% em três décadas, diz IBGE



Número de pessoas que se auto-declaram
indígenas cresceu 178% de 1991 a 2010.


Atualmente, segundo o órgão, os indígenas representam 0,4% da população brasileira.

Em comparação ao Censo de 2000, a população indígena cresceu 11,4% (ou 84 mil pessoas), de 734.127 para 817.963, número bem menos expressivo do que no período 1991/2000, que registrou um aumento de 150% (ou 440 mil pessoas), de 294.131 para 734.127.

De acordo com o IBGE, ainda que os povos indígenas tenham experimentado crescimento acelerado em função de altas taxas de fecundidade, os dados do Censo de 2000 superaram as expectativas, com um ritmo de crescimento anual de 10,8% no período 1991/2000.

Tal fato refletiria o aumento do número de pessoas que, em 1991, se identificaram em outras categorias de "cor" ou "raça" e que, em 2000, passaram a se identificar como indígenas.

O IBGE credita esse fenômeno ao processo de "etnogênese" ou "reetinização", quando "os povos indígenas reassumem e recriam suas tradições, após terem sido forçados a escondê-las e a negar suas identidades tribais como estratégias de sobrevivência".

á os resultados do Censo 2010 revelaram, na comparação com 2000, um ritmo de crescimento anual de 1,1%.

Área Urbana x Área Rural

O Censo de 2010 também revelou que a maior parte dos indígenas (502.783 ou 61,5% da população total) reside atualmente em áreas rurais, enquanto que 315.180 moram em áreas urbanas (ou 38,5%).

Segundo o IBGE, há cada vez menos pessoas se autodeclarando indígenas nas cidades. Em 1991, esse contingente somava 71.026 pessoas, passou para 383.298 em 2000 e caiu para 315.180 em 2010.

A redução de 68 mil pessoas, a maior parte proveniente na região Sudeste, deve-se, segundo o IBGE, ao fato de que muitas pessoas deixaram de se classificar como indígenas nas cidades por não ter afinidade com seu povo de origem.

Por outro lado, no campo, o número de indígenas totalizava 223.105 em 1991, subiu para 350.829, em 2000, e chegou a 502.783 em 2010.

Entre as grandes regiões do país, a região Norte se manteve na liderança nos Censos de 1991 (42,2%), 2000 (29,1%) e 2010 (37,4%). A região também se destacou na área rural, com 50,5%, 47,6% e 48,6%, respectivamente.

Já no segmento urbano, o Sudeste concentrava 35,4% da população indígena em 1991 e 36,7% em 2000, mas o Nordeste passou a ter maior contingente de indígenas em cidades em 2010, com 33,7%.

Amazonas na dianteira

Em números absolutos, o Amazonas concentra a maior população indígena do país (168,7 mil pessoas, ou 20,6% do total), enquanto a menor está no Rio Grande do Norte (2,5 mil ou 0,3% do total).

Apenas seis estados registraram, em 2010, mais de 1% de população autodeclarada indígena (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Roraima).

Por outro lado, 13 unidades da Federação apresentaram taxas de população indígena abaixo da média nacional (0,4%).

O Amazonas também lidera o ranking de municípios com maior população indígena. Dos dez primeiros, seis estão localizados no estado. O primeiro lugar ficou com São Gabriel da Cachoeira, com 29.017 indígenas, segundo o Censo de 2010.

No tocante à população relativa, ou seja, a proporção da população indígena na população total por municípios, quem encabeça a lista dos municípios é Uiramutã, em Roraima, onde 88,1% do total de habitantes se consideraram indígenas em 2010.

Expansão

A população indígena não só aumentou, como também se expandiu nas últimas três décadas. Segundo o Censo de 1991, em 34,5% dos municípios brasileiros, residia pelo menos um indígena autodeclarado.

No Censo de 2000, essa taxa cresceu para 63,5% e, de acordo com o Censo de 2010, chegou a 80,5% dos municípios brasileiros.

Fonte: BBC Brasil

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Pesquisa busca provas da sobrevivência indígena no interior do Rio Grande do Norte

Onde estão os índios do interior (o “Sertão”) do Rio Grande do Norte? Teriam desaparecido após os contatos com os europeus? Teriam sido integrados ao restante da sociedade que se formava pelo interior da antiga Capitania do Rio Grande na época colonial? Diante da ausência de respostas convincentes para estas questões, historiadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte propuseram a presente pesquisa, voltada para a identificação e caracterização das populações de remanescentes indígenas no território potiguar

De fato, são quase inexistentes as referências, na literatura especializada, sobre os índios que estavam na então Capitania do Rio Grande à época da chegada dos conquistadores europeus.

Em compensação fala-se freqüentemente no desaparecimento destes nativos após os movimentos de resistência indígena conhecidos como Guerra dos Bárbaros (1683-1725) ou, no máximo, de seu aldeamento em missões religiosas dirigidas por missionários.

Essa ausência de informações sobre os índios do Rio Grande do Norte contribui para que os atuais moradores da região sertaneja do Seridó, na porção centro-sul do estado, imaginem as populações nativas locais como se tivessem fenótipo similar ao dos índios da Amazônia ou dos filmes norte-americanos, estereótipos que se tornam comuns nas escolas, sendo incorporados na comemoração do Dia do Índio, do 7 de Setembro e em desfiles sócio-culturais.

Por outro lado, os livros didáticos informam os estudantes que os Cariri foram os primeiros habitantes do Seridó, quando sabe-se, pelo estudo de Olavo de Medeiros Filho (1984) que estes habitavam tradicionalmente o Sertão da Capitania da Paraíba, enquanto o Sertão do Rio Grande era habitado pelos índios Tarairiu.

Fossem porém quais fossem os índios do Sertão do Rio Grande do Norte, o que se imagina mais comumente é que sofreram extermínio, expurgo, extinção, desaparecimento, submissão ao colonizador. Tudo leva a crer que os índios realmente sumiram do mapa do Sertão do Seridó.

Mas há vozes contrárias. Pesquisas dos anos 70, executadas por Dom José Adelino Dantas, e dos anos 80 e 90, de autoria de Sinval Costa, denotaram a presença de índios ao lado de brancos e negros nos assentamentos de batizados, casamentos e óbitos da antiga Freguesia da Gloriosa Senhora Santa Ana do Seridó (que abrangia o atual Seridó norte-rio-grandense e parte do Sertão da Paraíba) nas duas últimas décadas do século XVIII e primeiras do século XIX. Essas pesquisas provaram que os índios estavam presentes no Sertão do Seridó mesmo após a Guerra dos Bárbaros, quando se cogitava a sua extinção.

A presente pesquisa considera a hipótese que esses indígenas, com o impacto da colonização que lhes foi imposta, sofreram um complexo processo de mestiçagem com os demais grupos sociais que habitavam a região, a exemplo do que Serge Gruzinski propôs para a América Espanhola da Conquista. Para que essa hipótese possa ser confirmada, porém, é necessário responder às seguintes indagações: Quem eram as populações índias que habitavam na região sertaneja da Capitania do Rio Grande na época do contato com os europeus? Quais eram seus hábitos e como resistiram à colonização? Como viveram após a Guerra dos Bárbaros no Sertão do Seridó? Em que condições participaram do cotidiano das cidades que pouco a pouco surgiam nos séculos XVIII e XIX? Como o contato com os demais grupos sociais da região os afetou? E como constituíram suas famílias?

Partindo dessas premissas a pesquisa tem como foco geográfico o Sertão do Seridó no Rio Grande do Norte; que durante a período colonial correspondia ao território paroquial da Freguesia da Gloriosa Senhora Santa Ana do Seridó e à Comarca de Caicó. O foco temporal é o intervalo compreendido entre o século XVII; data dos primeiros registros sobre os indígenas do sertão potiguar; e os séculos XVIII e XIX, com ênfase nestes dois últimos, onde se têm notícias da persistência de índios junto ao restante das populações locais.

Como é feita a pesquisa

Inicialmente a pesquisa realiza uma revisão da literatura especializada. A moderna historiografia brasileira considera os índios indissociáveis da construção da história do país: um referencial é a obra História dos Índios no Brasil, organizada por Manuela Carneiro da Cunha (1998), que foca a história indígena não somente pelo olhar do conquistador, mas, também, sob a ótica do conquistado.

Em Rompendo o Silêncio: por uma revisão do ‘desaparecimento’ dos Povos Indígenas (1998), Maria Sylvia Porto Alegre põe em xeque o discurso recorrente sobre o desaparecimento dos índios. Para a autora esse discurso surge para explicar a desorganização dos indígenas e justificar a expropriação de suas terras.

Outros estudos examinados incluem a dissertação de mestrado (UFPE) Guerra dos Bárbaros: resistência indígena e conflitos no Nordeste Colonial (1990), de Maria Idalina da Cruz Pires e a tese de doutorado (USP) A Guerra dos Bárbaros: Povos Indígenas e a colonização do Sertão Nordeste do Brasil (1998), de Pedro Puntoni, onde os autores mostram que a “guerra” entre brancos e índios era, mais que um movimento militar organizado, a reação destes contra a dominação daqueles, evidenciando práticas culturais de resistência.

Já a tese de doutorado O descobrimento dos outros: povos indígenas do sertão nordestino no período colonial, de Ricardo Pinto de Medeiros (2000), tenta explicar o “encobrimento” dos nativos na memória regional numa perspectiva histórica.

São estudados também textos clássicos da historiografia regional, com pontos de vista mais tradicionais, como História do Rio Grande do Norte (1984) de Luís da Câmara Cascudo. A dissertação de mestrado (UFPE) Missões Religiosas: Índios, Colonos e Missionários na Colonização da Capitania do Rio Grande do Norte (1999), de Fátima Martins Lopes, mostra as missões como centros tanto de aculturação dos indígenas quanto de seus movimentos de resistência. Sobre a resistência indígena é examinado também o trabalho Índios do Açu e Seridó (1984), de Olavo de Medeiros Filho. Outro estudo importante, para uma visão do processo de mestiçagem, é da pesquisadora Maria Regina Mendonça Furtado Mattos que analisou, em 1985, dentro de seu estudo sobre a pobreza na cidade de Príncipe (hoje Caicó – RN), os resultados do Recenseamento Geral do Império do Brasil (de 1872), mostrando que, na população de 11.283 pessoas, somente 54,4% eram de cor branca. O segundo grupo mais populoso era o dos pardos (16,5%), seguidos dos pretos (14,6%) e dos caboclos, mestiços de brancos e índios, que somavam 14,5% da população total (cerca de 1.636 indivíduos).

Entre os principais conceitos adotados pela pesquisa destaca-se a noção de circularidade cultural, de Carlo Ginzburg, que supõe uma dinâmica entre a cultura popular e a erudita, segundo a qual não existe barreira rígida o bastante para impedir a influência mútua entre o popular (ou subalterno) e o erudito (ou dominante). Importante também, para este estudo, é o conceito de mestiçagem desenvolvido por Serge Gruzinski, que inclui tanto a mestiçagem biológica quanto a cultural. Outra idéia adotada é de Guillaume Boccara (2000, 2001), para quem não existe uma cultura pura e original.

Os documentos originais examinados incluem obras de cronistas holandeses e portugueses dos séculos XVII e XVIII, como os relatos de Gaspar Barleu, História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil, sob o governo de João Maurício, conde de Nassau; de Rodolfo Baro, Relação da viagem ao país dos Tapuias e de Pedro Carrilho de Andrade, Memórias sobre os índios no Brasil.

É analisada ainda a documentação burocrática trocada entre a Capitania do Rio Grande e a Coroa Portuguesa na Colônia - produzida entre 1623 e 1823 -, que faz alusões aos índios, guardada no Arquivo Histórico Ultramarino (AHU). Outros documentos considerados incluem as atas do Senado da Câmara do Natal e outras instituições da Capitania, entre os séculos XVII e XIX, especialmente as que tratam da Guerra dos Bárbaros, arquivadas no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte; e as Datas e Sesmarias da Capitania do Rio Grande (1600-1831) e Paraíba (1586-1888), que evidenciam a presença indígena junto aos sesmeiros nos séculos XVIII e XIX.

São investigados também os livros de assentamentos paroquiais de batismos, casamentos e óbitos da Freguesia da Gloriosa Senhora Santa Ana do Seridó, cujos registros aludem à presença indígena participando de rituais cristãos; de 1788 (data inicial dos livros) até o fim do século XIX. Os registros paroquiais serão anotados em fichas catalográficas elaboradas a partir da metodologia da Demografia Histórica, especialmente do Método Francês da Reconstituição das Famílias (Fleury-Henry) e depois digitados em banco de dados eletrônico criado no software Microsoft Access 2000.

As falas e relatórios dos Presidentes da Província do Rio Grande do Norte de 1835 a 1888 trazem referências e dados demográficos sobre os índios no século XIX. Já inventários post-mortem de índios processados na Comarca de Caicó (correspondente à Freguesia do Seridó) entre 1737 e1900 contém descrições de bens e herdeiros. Documentos avulsos da Comarca, custodiados pelo Laboratório de Documentação Histórica do Centro de Ensino Superior do Seridó relatam a presença de índios exercendo cargos públicos no Senado da Câmara da Vila do Príncipe.

Portanto, os passos metodológicos da pesquisa, por sua ordem, são: revisão bibliográfica, pesquisa de campo nos acervos, análise das fontes e redação. A maioria das fontes manuscritas já foi parcialmente pesquisada, ou está, no mínimo, indexada.

Saõ colaboradores desta pesquisa os pesquisadores
Prof. Ms. Muirakytan Kennedy de Macêdo, do Departamento de História e Geografia do Centro de Ensino Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte;
Profª Drª Julie Antoinette Cavignac, do Departamento de Antropologia do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte;
Bela Alcineia Rodrigues dos Santos, Mestranda em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte;
Rosinéia Ribeiro de Araújo Silva, graduanda em História pelo Centro de Ensino Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Importância da pesquisa

O estudo da etno-história dos Índios do Rio Grande do Norte representa importante contribuição às Ciências Humanas e Sociais, já que se trata de uma área com poucos trabalhos específicos, havendo certa lacuna nos estudos a seu respeito.

O projeto proposto supõe uma revisão da própria História do Rio Grande do Norte. Num momento em que pesquisas atuais detectam alguns traços da ancestralidade nativa em comunidades do Rio Grande do Norte, torna-se imprescindível o estudo do passado e da memória indígena, que se reveste, portanto, de relevância contemporânea e social.

Texto de divulgação científica publicado em 28 de maio de 2003.

Pesquisador(es) Responsável(eis)
Helder Alexandre Medeiros de Macedo

Título do trabalho acadêmico
Vivências Índias, Mundos Mestiços: relações interétnicas na Freguesia da Gloriosa Senhora Santa Ana do Seridó entre o final do século XVIII e início do século XIX

Instituição(ões)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Fonte(s) Financiadora(s)
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PPPg) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2000-2001) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico – CNPq (2001-2002)

Sugestões de leitura
História do Rio Grande do Norte, de Luís da Câmara Cascudo, Fundação José Augusto, Natal, 1984.

Índios do Açu e Seridó, de Olavo de Medeiros Filho, Centro Gráfico do Senado Federal, Brasília, 1984.

De que morriam os sertanejos do Seridó Antigo?, de Dom José Adelino Dantas, revista Tempo Universitário, Natal, volume 2, nº. 1,1979

O Pensamento Mestiço, de Serge Gruzinski, Cia. das Letras, São Paulo, 2001.

A Guerra dos Bárbaros: povos indígenas e a colonização do Sertão Nordeste do Brasil, 1650-1720, de Pedro Puntoni. Tese de Doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo, 1988.

FONTE - SITE CANAL CIÊNCIA

sábado, 14 de novembro de 2009

LÍNGUAS INDÍGENAS NO BRASIL

As línguas indígenas da América do Sul são agrupadas em famílias pelas evidências lingüísticas de relacionamentos genéticos. Agrupamentos genéticos de línguas são grupos de línguas procedentes essencialmente da mesma língua, à qual nós referimos como protolíngua.

As evidências incluem correspondências fonéticas que aparecem consistentemente em cognatas nas várias línguas. Cognatas são palavras em línguas diferentes, reconhecíveis como sendo aparentadas por serem originadas da mesma fonte. Por exemplo, os seguintes pares de palavras são cognatas em português e espanhol:

fazer hacer
filho hijo

Há uma grande diversidade genética nas línguas indígenas do Brasil. Baseado no número de línguas aparentadas dentro de um grupo, há quatro famílias e/ou troncos maiores. Uma família lingüística é um agrupamento de línguas procedentes de uma única língua. Exemplos de famílias lingüísticas fora da América do Sul são: Germânica, Latina e Eslávica. Também há duas famílias de tamanho médio e várias famílias menores, bem como várias línguas isoladas.

Um tronco lingüístico é um agrupamento de famílias lingüísticas procedentes de uma só língua. A relação entre estas famílias é mais distante em termos de tempo de separação. Por isso, as diferenças entre línguas de famílias diferentes são maiores do que as entre línguas da mesma família. Por exemplo, o tronco Indo-Europeu inclui as famílias Germânica, Latina, Eslávica, e várias outras famílias.

Uma língua isolada é uma língua que não evidencia nenhum relacionamento genético com outras línguas.

Agrupamentos maiores: Arawak (também chamado Maipuran por alguns lingüistas fora do Brasil), Carib, Macro-Gê, e Tupi.

Famílias de tamanho médio: Pano, Tucano.

Famílias menores: Arawá, Kariri, Katukina, Makú, Mura-Pirahã, Nambikuara, Yanomami.

Línguas isoladas: Ticuna, Aikaná, Koiaiá, Jabuti, Kapiwana, Trumai, Máku, Awaké, Irantxe.

Fonte: Aikhenvald, Alexandra, 1996. Amazonian Languages. Manuscrito preparado para o Terceiro Instituto Australiano de Lingüística, Canberra, Australia. 1-12 de Julho, 1996.

Aproximadamente 38% das línguas da América do Sul são consideradas "ameaçadas" porque são grupos pequenos com população de 600 pessoas ou menos. Usando este critério, são 133 línguas ameaçadas no Brasil. Destas, 105 têm uma população de 225 ou menos.

Fonte: Mary Ruth Wise, 1994.

As famílias de línguas indígenas são completamente não-relacionadas com as línguas européias como português e inglês. Como resultado, a aprendizagem de uma língua indígena pode ser um desafio (leia um artigo escrito por Greg Thomson sobre o assunto). E as complexidades envolvidas na tradução de obras escritas por autores indígenas para a língua nacional também são formidáveis. (veja Complexidades Sociolingüísticas Ocorrentes na Tradução da Literatura de Autoria Indígena para a Língua Nacional).

FONTE - SITE SIL BRASIL

Quem sou eu

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Marilia Jullyetth Bezerra das Chagas, natural de Apodi-RN, nascida a XXIX - XI - MXM, filha de José Maria das Chagas e de Maria Eliete Bezerra das Chagas, com dois irmãos: JOTAEMESHON WHAKYSHON e JOTA JÚNIOR. ja residi nas seguintes cidades: FELIPE GUERRA, ITAÚ, RODOLFO FERNANDES, GOVERNADOR DIX-SEPT ROSADO e atual na cidade de Apodi. Minha primeira escola foi a Creche Municipal de Rodolfo Fernandes, em 1985, posteriormente estudei em Governador Dix-sept Rosado, na no CAIC de Apodi, Escola Estadual Ferreira Pinto em Apodi, na Escola Municipal Lourdes Mota. Conclui o ensino Médio na Escola Estadual Professor Antonio Dantas, em Apodi. No dia 4 de abril comecei o Ensino Superior, no Campus da Universidade Fderal do Rio Grande do Norte, no Campus Central, no curso de Ciências Econômicas. Gosto de estudar e de escrever. Amo a minha querida terra Apodi, porém, existem muitas coisas erradas em nossa cidade, e parece-me que quase ninguém toma a iniciativa de coibir tais erros. Quem perde é a população.

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